O momentum da escola XXI, na crista da onda COVID-19.
Sopa de letras
Vivemos num país e num momento preciso em que a reclamada e imperiosa reabertura das escolas se prende com uma escala de argumentos na qual a toma de uma refeição quente avulta. "Muitos alunos têm as únicas calorias significativas, todos os dias, nas suas escolas", Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação, dixit. (https://tinyurl.com/wcru43yh)
Vivemos num país e num contexto escolar em que a reclamação da redução do tempo de exposição aos ecrãs é o momentum pedagógico. E quem mais contribui para isso? A docência que, à falta de ideias, massacra com o uso sucessivo do único expediente tecnológico que consentiu adotar: a videoconferência e as suas instruções diretas unidirecionais, para "consumo" passivo.
"A aprendizagem à distância não é a mesma coisa, perde-se muito. [...] Nós, os professores, temos essa consciência, perde-se muito ao nível da aprendizagem". A partir de Mafamude, o Presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, Filinto lima, assim, a escola digital sem que lhe alcance o brilho. A mesma delapidação é produzida pela declaração do Ministro, quando proclama, com autoridade, que "o ensino à distância é identificado como ineficaz".
Vivemos num país em em que, das suas entranhas, a escola flatua sonora digestão autofágica da sua própria incompetência. Incapaz de gerar mais que alimento para o corpo, foge do digital como o diabo da salvadora cruz e prega-se, indissoluvelmente, à confissão da perda, resultante dos métodos e didáticas que aplica, em vez de garantir, como lhe compete, a salvação pela via da saciação para o espírito.
E é esta escola empantorrada de si que se afoita, ofegante e num excesso de entusiasmo que a esclerose já não admite, a concretizar a reabertura de portas aos seus alunos, irmanados no frenesim contagiante.